"Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão."
muito mais que lindas,
essas ficarão."
Carlos Drummond de Andrade
"Aquela cidade me
encantou a ponto de procurar um hostel
baratinho, ainda de frente para o mar, veja que sorte. A dona do lugar era uma
senhora, grande e gorda, que usava um vestido de vermelho de bolinhas brancas,
e uma bandana branca, um pouco
amarelada pelo tempo, segurando o amontoado de cabelos pretos. Uma senhora no
sentido formal da palavra, porque ela não tinha 50 anos.
Simpática. Como
podem todos naquele lugar ser assim, tão simpáticos? Ela me ofereceu aquele
quartinho bonitinho com aquela varandinha pequena e florida. Já que não era
temporada, porque não alugar o melhor quarto ao preço do pior? Pois fico muito
grata. O dia estava no fim, o crepúsculo já ía batendo, e o sol se escondendo.
O mar era tingido por um rosa, um lindo rosa que indicava o sol de amanhã. Saí
para despedir-me daquele dia maravilhoso, andei pela orla da praia, observei as
pessoas, rindo, gritando, esbravejando, amando.
Como pode ser
assim tão diferente? Sentimentos, os sentimentos. Tem gente que sabe como
demonstrá-los.
Cheguei num
morrinho, já no fim da praia, com algumas casas coloridas penduradas, os varais
lotados de peças ainda mais coloridas, fui subindo aquela estradinha de lajotas
cinzas, cheia de flores na lateral, ali, perto do morro. Subi e subi, deixei as
casinhas para trás e subi ainda mais, até que cheguei ao topo. Aquele topo... O
mar, as sombras da noite chegando, as cores da cidade, as ilhas ao fundo, o sol
sumindo. E aí eu tive certeza, essa vai ser a última coisa que eu vou lembrar
quando me vier o último suspiro.
Quando a hora
chegar, lembrarei de todas essas belezas que encontrei no meu caminho, lembrarei
das pessoas que vi, lembrarei das vozes que ouvi, lembrarei daqueles que
passaram por mim e sorriram. E se houver um depois, espero encontra-los
novamente um dia. Quem sabe.
A vida é linda.
Ou melhor, alguns dias da vida são lindos. Dias como esse, quando eu posso
sentar no topo de uma colina e vir o festival da natureza acontecer. Porque não
se contentar com as coisas mais simples do mundo? Porque eu preciso de
correntes de ouro ou roupas de grife quando eu posso ter lembranças? Porque
carros de luxo ou celulares de última geração quando eu posso usar minhas
pernas e um celular qualquer já serve pra mandar um alô pros meus pais? Porque
eu quero exacerbar quando eu posso simplificar?
Dou valor pras
coisas simples. É nesses momentos que a vida mostra o seu melhor lado, quando
podemos entrar em contato com a natureza, quando podemos ver o que ela quer nos
mostrar.
E foi assim que
me senti, no alto daquele morro, naquela cidadezinha do interior de algum país
que sabe-se lá o nome, como se a vida valesse a pena, como se o mundo valesse a
pena, como se a morte não fosse o fim, e nem algo tão ruim, como se as pessoas
que passaram por mim estivessem orando por mim de onde é que elas estejam."
Texto fictício por Luana Kraemer.
Que bom que você continuou essa história, acho que sua escrita melhora a cada texto e eu gostei muito dessa personagem e da história. Seu estilo é leve, mas muito poético e longe de ser vazio. Isso poderia ser um ótimo projeto de romance pra você, só uma garota procurando a si própria entre viagens. Espero mesmo que você continue, desenvolva a personagem, monte as situações. Se quiser, estou aqui pra ajudar, acredito na sua escrita.
ResponderExcluirAh, acho que o problema da linkagem se resolveu. Aconteceu comigo algumas outras vezes, mas não era sempre. Hoje não aconteceu e eu entrei no seu blog mais de uma vez. Mudou alguma coisa? Antes, para mim, o problema parecia relacionado ao facebook (como eu falei, o blog inteiro virava um link para curtir sua página).
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